São Egberto edit
Comemoração: 24 de Abril | Nascimento: 639 | Morte: 729 edit
Resumo edit
Egberto é um monge inglês de Lindisfarne do Século VIII que sempre desejou ir à missão na Alemanha. No entanto, seu destino era menos heroico e muito mais importante. Estabelecendo-se em Iona (Escócia), mosteiro beneditino que foi fundado por São Columbano. Ele conseguiu convencer os monges a adotarem o uso romano durante a celebração da Páscoa - uma tarefa que levou treze anos de suave persuasão. Seu dia de festa é 24 de abril.
Vida edit
São Egberto (ou Saint Ecgberht, Egbert, e às vezes chamado de Egbert de Rath Melsigi) era um monge anglo-saxão da Nortúmbria.
Nascido em 639, de família nobre anglicana, ainda muito jovem, viajou para a Irlanda para estudar. Beda nos diz em seus escritos que os monges enviados à Irlanda eram de todas as classes. Um de seus conhecidos nessa época era Chad, que depois a igreja elevou aos altares. São Chad e Egberto, tinham aproximadamente a mesma idade e estavam entre um afluxo de estudiosos ingleses que chegaram à Irlanda enquanto Finan e Colmán eram bispos em Lindisfarne. Isso significa que Egberto e São Chad devem ter ido para a Irlanda depois da morte de Aidan, em 651. Ele se estabeleceu no mosteiro de Rath Melsigi (Irlanda), no atual condado de Carlow. Ele lembra mais tarde que ele e Chad, "seguiram a vida monástica juntos muito estritamente - em orações, continência e meditação nas Escrituras Sagradas". Alguns estudiosos se estabeleceram rapidamente nos mosteiros irlandeses, enquanto outros vagavam de um mestre para outro em busca de conhecimento. Beda diz que os monges irlandeses os ensinaram de bom grado e os alimentaram, e até deixaram que usassem seus valiosos livros, sem custos. Como todos os livros foram produzidos à mão, com uma minuciosa atenção aos detalhes, isso foi surpreendentemente generoso.
Egberto e seus companheiros de viagem da Nortúmbria contraíram a peste. Beda faz um longo relato de como Egberto ficou perigosamente doente na Irlanda em 664 e prometeu que se ele se recuperasse, iria seguir um padrão de grande austeridade ao longo da vida, sendo um "peregrino" em peregrinação perpétua de sua terra natal, a Grã-Bretanha, e levaria uma vida de oração penitencial e jejum, com o objetivo de que a sua vida daqui para frente reparasse as loucuras de sua juventude. Ele tinha vinte e cinco anos e, quando se recuperou, em cumprimento a esse voto, ele nunca mais retornou à Inglaterra. Manteve seu voto até a morte. Seu único amigo remanescente nesse momento chamava-se Ethelhun. Ele morreu por conta da doença.
Segundo Henry Mayr-Harting (Professor de História Eclesiástica da Universidade de Oxford), Egberto foi um dos mais famosos "peregrinos" do início da Idade Média, e ocupou uma posição de destaque em uma cultura política e religiosa que abrangeu o norte da Grã-Bretanha e o Mar da Irlanda.
Em 684, ele tentou dissuadir o rei Egfrido da Nortúmbria de enviar uma expedição à Irlanda sob seu general Berht, mas ele não teve sucesso.
Após sua ordenação como sacerdote, Egberto ficou cheio de zelo pela conversão das tribos pagãs germânicas na Frísia. Os frísios foram os primeiros a expandir entre as tribos dispersas da Idade das Trevas, controlando uma área que se estendia da Dinamarca à Bélgica. Os frísios dominavam tanto o comércio marítimo que o Mar do Norte era então conhecido como Mare Frisicum.
Ele sentiu um forte chamado para que o evangelho fosse pregado aos frísios, e começou a organizar monges na Irlanda para essas missões; além de São Chad, muitos outros notáveis renomados estavam associados ao seu trabalho:
· São Vilibrordo (Ingressou na Ordem de São Bento e entre os vinte e os trinta e dois anos viveu na abadia de Rath Melsigi, na Irlanda, um dos focos culturais do momento. Estudou com o abade São Egberto, que o ordenou sacerdote. São Egberto o enviou com doze companheiros para converter as tribos germânicas do norte, na região da Frísia, que compreendia os atuais Países Baixos, Flandres e Luxemburgo);
· Santo Adalberto de Egmond (missionário anglo-saxão da Nortúmbria, um dos companheiros de São Vilibrordo na pregação do evangelho na Holanda e Frisia. Estudou na Irlanda com Egberto);
· São Suitberto (Educado de acordo com as rígidas regras dos mosteiros beneditinos, sob a direção espiritual de Egberto, do qual se tornou discípulo e que acompanhou à Irlanda enquanto se preparava para o apostolado).
· São Vigberto de Fritzlar (Um monge beneditino anglo-saxão do mosteiro de Glastonbury, missionário e discípulo de São Bonifácio. Egberto enviou Vigberto, inicialmente para a Frísia, atual Holanda. Esse primeiro discípulo foi impedido pelo príncipe pagão Radibodo, e Vigberto teve de retornar ao solo inglês sem atingir os resultados desejados. Então, Egberto trabalhou duramente para organizar outra expedição);
Na verdade, Egberto estava convencido que ele mesmo seria o apóstolo escolhido por Deus para essa missão. Já estava pronto para fazer a viagem quando, foi dissuadido de acompanhá-los por causa de uma visão de um monge.
Em 688, no meio de sua tentativa mais determinada de partir, um irmão monge que havia sido um discípulo amoroso de São Boisil relatou ofegante a Egberto uma visão que teve naquela manhã. Segundo o Venerável Beda, São Boisil, morto há muitos anos, apareceu ao irmão e disse: "Vim trazer a Egberto uma mensagem de nosso Senhor e Salvador, que deve ser entregue por você. Diga a ele que ele não pode realizar a jornada que empreendeu, pois é da vontade de Deus que ele vá para os Mosteiros de Columba". Egberto inicialmente expressou dúvidas sobre a tal visão e pediu ao irmão que não falasse mais sobre isso. Mas mesmo depois de ser convencido de que a visão era verdadeira, Egberto continuou fazendo planos para sua viagem missionária à Frísia.
O mensageiro sagrado não se intimidou e, alguns dias depois, São Boisil dirigiu-se ao mesmo irmão, dizendo: "Por que falou a Egberto de maneira tão negligente e morna o que eu lhe pedi para dizer? Por isso, vá depressa e diga que, quer ele queira quer não, ele deve ir aos mosteiros de Columba, porque seus arados não são retos e ele deve trazê-los de volta ao caminho certo". "Seus arados não retos" foi considerado uma referência à prática cismática nos mosteiros de celebrar a Páscoa na data "errada". Naquela região os mosteiros não viviam a páscoa segundo o calendário romano.
Egberto novamente pediu ao irmão para não contar a ninguém sobre a visão e, apesar de acreditar que a visão era verdadeira, ele continuou teimosamente os preparativos, carregando seu navio com muitas provisões para uma longa viagem. Um dia, enquanto o navio totalmente carregado aguardava um bom tempo para navegar, uma violenta tempestade surgiu no porto e jogou o navio para lá e para cá, derramou a maior parte da carga preciosa e deixou o navio aberto de lado no mar. Somente os pertences de Egberto e seus companheiros foram poupados. Finalmente, Ele acolheu a mensagem de que Deus não queria que ele fizesse a viagem, cancelou e desistiu de seus planos para o trabalho missionário na Frísia para sempre. Enviou Vigberto para Frisia e outros missionários para outras regiões pagãs.
Além disso, na Irlanda, Ele foi um dos presentes no Sínodo de Birr em 697 (Encontro de clérigos e notáveis seculares), quando o Cáin Adomnáin (Lei de Adomnán), também conhecido como o Lex Innocentium (Lei de inocentes), foi promulgado.
Egberto não deixou a Irlanda para ir a Iona até o ano de 716. Por sua doçura e humildade ao longo de treze anos, ele finalmente conseguiu endireitar o arado litúrgico: Egberto é creditado por induzir os monges de Iona a abandonarem seu modo de calcular a data da Páscoa.
Egberto teve contatos influentes com os reis da Nortúmbria e dos Pictos (Antigos habitantes da Escócia que estabeleceram o seu próprio reino e lutaram contra os romanos na Britânia), e assim como com Iona, ele convenceu a adotar a Páscoa romana, datada de 716.
Ele teve a satisfação de ver cumprida sua missão terrena: no dia de sua morte, a Páscoa foi finalmente celebrada em Iona pela primeira vez, de acordo com o calculo usado por Roma.
São Egberto morreu, horas depois de servir como celebrante em uma alegre missa de Páscoa, em 24 de abril de 729.
Seu dia de festa na Igreja Católica Romana, é o mesmo dia da sua morte e é encontrado nos mártires romanos e irlandeses e no Calendário Métrico de York. Embora ele agora seja honrado simplesmente como confessor, é provável que São Egberto fosse bispo.
São Egberto não deve ser confundido com o Egberto, que serviu como arcebispo de York por 34 anos. Referênciado na obra do grande estudioso teológico Alcuin de York, que fala de um Egberto com os termos latinos antistes e episcopus, ambos significando bispo, provavelmente se referem ao arcebispo de York, que fundou uma escola catedral em York que Alcuin frequentava quando criança.
Referencias edit
Livro de São Beda - Historia ecclesiastica gentis Anglorum